segunda-feira, novembro 20, 2017

RUI MASSENA, FORA DE CENA.

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   O que conheço de Rui Massena é que se trata de destacado maestro compositor musical, com mérito reconhecido no país e fora dele, nada de relevante como adepto do Futebol Clube do Porto. Além das referências sempre abonatórias que lhe são feitas nos órgãos de informação generalista relacionadas com a intensa atividade artística que produz, foi no Porto Canal que mais seguimento lhe dediquei desde algum tempo a esta parte não obstante o relativo interesse que nutro pela música clássica em geral.

    Sabia que Rui Massena é adepto (sócio) do Futebol Clube do Porto.

    Quando terminou o jogo em Guimarães, procurei encontrar outro programa que estivesse a ser emitido em direto (não aprecio ver repetições a não ser por interesse pontual), tendo entrado no "play-off" que estava a iniciar. Surpreendeu-me não fazer parte do painel o Miguel Guedes, comentador residente adepto do FC do Porto e estar no seu lugar Rui Massena; e como é (talvez) o único sítio onde cada interveniente fala a seu tempo e logra concluir o que pretende falar de modo a que quem estiver a ver ouça o que diz, não resisti à curiosidade e fiquei.

    Falava João Govern, falou, falou e falou. Entrou o Inácio depois, e falou. Massena, neste espaço alargado de tempo, não tugiu nem mugiu. O moderador lembrou-se de que compositor estava lá para compor, isto é, para expor de memória o que estava na pauta, O maestro equivocou-se pensando estar na Casa da Música e em vez de orientar a orquestra para um concerto inspirado na tragédia que na atualidade vive o futebol nacional, ensaia um prelúdio de uma área mística, uma espécie de ensaio onde entram anjos de asas brancas a apaziguar e desculpabilizar as matreirices do diabo para instalar a paz e a concórdia das partes.

    Perante o gáudio e os repetidos  "muito bem" e de movimentos de concordância feitos com a cabeça do representante do clube do regime, a inchar a cada frase que ouvia,  o ilustre portista maestro compositor orientou a sua intervenção para falar de um futebol lírico, puro na sua essência lúdica e apaixonante, que fizesse dos estádios o Éden dos verdadeiros apreciadores do ancestral jogo da bola. Sobre a realidade totalmente inversa ao idealismo poético do nefelibata pregador, que virou o futebol português na rota do roubo organizado denunciado no programa da estação oficial do Clube "Universo Porto de Bancada , Massena disse nada! Ou não tem estado no pais nos últimos tempos, ou não lê jornais ou vê televisão, desconhece o tema com quem conversa sobre futebol e onde, porque, estou seguro não será com os amigos do camarote do Estádio do Dragão, nos bastidores da Casa da Música, no Majestic, nas bancadas entre as claques, nos gabinetes da preparação das cidades capitais da cultura, que se vive o Futebol Clube do Porto espoliado, difamado, apoucado, desvalorizado nos títulos conquistados nacional e internacionalmente, como é sentido pela massa adepta nas obras, nas deslocações para apoiar a equipa suportando intempéries e despesas, nas abdicações de gastos pessoais para poder pagar a quota, para suportar os comentadores parciais que pululam nas redações da informação alfacinha, nos que arriscam ser linchados se entram em certos estádios identificados pelo cascol azul e branco. Foi tão desfasada da realidade a sua exposição que, Augusto Inácio, de si apiedado e talvez num impulso de reconhecimento por ter sido dos nossos, tentou lembrar-lhe aquilo que lhe competia e deveria ter falado.

     Nem esperei pelo fim do programa.

     Companheiro, Senhor Rui Massena. Sem o movimento dos capitães, a democracia tardaria ou nem mesmo chegaria ao país. Sem bombardeamentos, a antiga Mesopotâmia estaria nas garras do Islão, não haveria Brexit do Reino Unido, Israel não era nação, Hitler tinha imposto a sua ideologia fascista, os professores e os médicos não recuperariam direitos adquiridos, os incêndios esqueceriam até à próxima catástrofe, o Norte de Portugal continuaria a ser a zona dos penedos e das serras.  Sem a luta de Jorge Nuno Pinto da Costa e José Maria Pedroto, à frente de muitos outros, o Futebol Clube do Porto, hoje, seria ainda aquele que o caro confrade tristemente representou na deplorável cena que protagonizou ontem à noite no programa play-off: simpáticos e conformados com o stato quo do poder centralizado despótico e egoísta.

    

   

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