terça-feira, junho 06, 2017

VIRTUOSOS EM LUGAR DE VIRTUAIS OS MEIOS PARA GARANTIR A VERDADE NO FUTEBOL

       TP: árbitros da final identificam vantagens do vídeo-árbitro

     Muitos acreditam que a chegada ao futebol das novas tecnologias irá trazer ao jogo a seriedade que não tem. Certo é que a introdução do chamado vídeo-árbitro como meio auxiliar de corrigir decisões erradas ou não tomadas pelos juízes de episódios ocorridos no decorrer do espetáculo, mais cedo ou tarde iria acontecer. Mas desiluda-se quem estiver convencido de que de ora avante todos os lances sujeitos à análise conjunta dos árbitros tradicionais e dos juízes virtuais vão ser consensuais e aceites sem contestação pelos seguidores dos jogos ao vivo ou pelos que os seguem pela tv.

     O exemplo não é com certeza o melhor e mais edificante, mas aqueles que assistem, nos vários canais aos programas onde se discute até à náusea decisões dos árbitros em lances tidos por duvidosos, que, mesmo sendo passadas imagens sucessivas e em câmara lenta dezenas de vezes não se encontra dois comentadores que vejam a mesma imagem. E alguns dos lances submetidos a sufrágio são tão nítidos que até às escuras um cego poderia identificá-los com acerto.

     Quero com isto dizer que sempre haverá lances de muito difícil avaliação em curto espaço de tempo e muitos outros continuarão a ser distorcidos e erróneos na decisão por deficit de isenção ou viciação dolosa no julgamento, tal e qual como se verificou na época finda sem recurso a visualização. Desiludam-se ou regozijem-se consoante a expetativa que alimentarem: os erros vão continuar, involuntários ou premeditados, e aos programas não vai escassear alimento para sobreviverem. 

     O sistema tem virtudes quanto à transposição da bola nas linhas de demarcação do relvado, designadamente a linha de baliza. É relevante. Como é, ainda, na denúncia de agressões ou erros de deteção do infrator que deve ser penalizado com cartão, e na anulação de golos obtidos em posição irregular. Mas, não corrige as faltas que cortam jogadas de contra-ataque, aqueles que são apontadas indevidamente, fora de jogo ao jogador que parte para a baliza em posição legal, golos anulados que vêm a ser considerados sem falta, e mais situações que a experiência demonstrará.

     A implantação do sistema vai custar muito dinheiro e não é universal. Haverá, no futuro, duas modalidades no jogo da bola: a popular, pé descalço, sem vídeo, e a da elite com muitas câmaras de televisão e mais juízes da bola.

     Onde há fumo, há fogo. Antevejo negócio chorudo. Não tarda, cada adepto do jogo vai ter que comprar e levar para a bancada uma tablete ou telemóvel topo de gama para seguir na tv o que se passa no relvado, e ficar de olho no júri à espera da confirmação do que (não) viu em tempo real.

     Eu acharia que bem melhor seria investir na preparação dos árbitros. Escolher quem tiver aptidão inata para o ofício de julgar. Pagar-lhes consoante a qualidade que demonstrarem, avaliá-los com honestidade, premiar os melhores. E castigá-los pelas más prestações e nítido e contumaz clubismo. 

     E ficaria salvaguardada a essência do foot-ball.

     Surpreende-me que seja Portugal pioneiro na introdução do vídeo-árbitro. À frente da Inglaterra, Alemanha, Espanha, França, etc.. Será porque nestes países os juízes não são tão maus como em Portugal? Será?

     Quo vadis, como diria o outro.

    

    

     

     

    

    

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